Shoppings a céu aberto proliferam no interior paulista
Com formato consagrado nos Estados Unidos, os strip malls exibem lojas mais enxutas, que pagam aluguéis menos salgados e atraem uma crescente clientela
Atraídos pelo potencial econômico de cidades com até 500 mil habitantes, empresários do interior paulista investem em lojas de menor porte, fora dos shopping centers e em bairros residenciais, dentro dos chamados strip malls, um formato de centro de compras há muito consolidado nos Estados Unidos.
Trata-se de uma construção bem mais enxuta, com lojas lado a lado e estacionamento em frente. São t mais acessíveis, menores e menos tumultuados que grandes shoppings,
Tudo a céu aberto, o que proporciona visibilidade às lojas, ao acesso e também ao número de vagas de estacionamento.
De acordo com Adriana Colloca, diretora de operações da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), os strip malls são ancorados por um grande varejista, como um supermercado, e na maioria das vezes, preenchido por serviços como salão de beleza, drogaria e cafeteria.
Um estudo realizado pela entidade mostra que o conceito tem despontado como grande tendência no varejo, principalmente em cidades afastadas dos grandes centros urbanos.
De acordo com o levantamento, 66% dos empreendimentos pesquisados estão localizados em municípios do interior --44% deles estão em cidades com população entre 100 e 500 mil habitantes.
Uma razão que explica a tendência de crescimento por esse tipo de serviço em cidades afastadas das metrópoles se deve ao desenvolvimento do varejo nessas regiões -um movimento que traz mudanças no comportamento do consumidor.
Assim como nas capitais, os frequentadores buscam cada vez mais espaços que reúnam diversos serviços num único lugar. Nessas cidades, há também maior oferta de terrenos a preços mais baixos.
Adriana destaca que ao contrário do que possa parecer, a abertura de novos strip malls não tem relação com os índices de vendas dos shoppings, que vem sofrendo com a crise. "O strip mall é um empreendimento bem diferente de um shopping center", afirma.
De acordo com Adriana, de alguns anos para cá, os shoppings se converteram em locais de destino, onde se busca não apenas compras, mas lazer, alimentação e serviços.
Já os strip malls são centros voltados à conveniência. Portanto, os custos de construção e operação são muito mais baixos, totalmente diferentes da estrutura de um shopping.
Em São José dos Campos, a 92 quilômetros de São Paulo, o modelo de negócio também conhecido como open mall, tem se tornado muito comum. No último ano, somente no Jardim Aquarius, foram abertos três strip malls.
Um deles, o Pátio das Américas, possui 22 lojas -que medem de 20 m2 até 570 m2, com metade delas já ocupadas. Sorveteria, hamburgueria, laboratório médico e ótica são alguns dos serviços disponíveis no local.
De acordo com Frederico Toledo, corretor de imóveis da imobiliária responsável pelo empreendimento, há atualmente de 2,7 mil metros quadrados de ABL (área bruta de locação) no mall.
Localizado no térreo de um edíficio que mescla apartamentos residenciais e salas comerciais, o Pátio das Américas tem um fluxo de cerca de mil visitantes por dia, além das 1.500 pessoas que trabalham no prédio.
Mas, na avaliação de Toledo, o principal ponto favorável ao negócio são os valores praticados. "Os preços de shoppings em geral acabam onerando muito devido as taxas cobradas no início do contrato, além das fixadas mensalmente".
Para ter uma ideia: o condomínio de uma loja em shopping varia de R$ 120 a R$ 220 por metro quadrado ante R$ 8,50 no Pátio Mall.
UM NOVO NEGÓCIO
As vendas em queda, os aluguéis em alta e o forte adensamento em regiões mais afastadas do centro da cidade levaram Bruno Alvarenga, 28 anos, sócio-próprietário da Mr. Moo a testar um novo ponto de venda, os strip malls.
Quando soube da possibilidade de inaugurar sua butique de carnes, a Mr. Moo, em uma espécie de boulevard de um bairro residencial, Alvarenga identificou a demanda local e não teve dúvidas.
Em meio a 12 prédios residenciais de classe AB, o empreendimentos reúne dez lojas de 160 metros quadrados, quase todas ligadas ao ramo de alimentação e valores bem mais baixos aos praticados dentro de grandes empreendimentos.
Ainda ignorado por muitos empresários, Alvarenga acredita que o conceito veio para ficar.
“As pessoas não têm mais tempo para ir a grandes mercados, perder horas em filas. Por isso, oferecemos o melhor em carnes, mas em menos tempo e mais perto de casa.”
Com Camila Pirillo, 27 anos, sócia-proprietária da Bolo da Madre, não foi diferente. Há dois anos, quando começou a buscar espaços para abrir sua loja de bolos, Camila tinha algumas exigências.
Ela queria visibilidade para o negócio, vagas de estacionamento gratuitas e um endereço movimentado, mas longe da concorrência. Encontrou o que buscavaem um strip mall, em Piracicaba, o Verano Mall.
Na opinião da empresária, a decisão foi acertada, pois a proximidade com prédios residenciais e a fachada da loja de frente para a rua com vagas de estacionamento é uma ferramenta de divulgação mais vantajosa que outros pontos de vendas.
FOTOS: Divulgação