Deixar de lado os maus hábitos é mais fácil do que você imagina
Quer parar de fumar ou se tornar mais produtivo? Especialistas mostram que mudanças de comportamento não exigem, necessariamente, grandes sacrifícios
Para a maioria das pessoas, grandes mudanças de rotina, como parar de beber café ou controlar os gastos, são sinônimos de enormes suplícios. Mas a verdade não é bem essa. Para a Fiona Hewitt, CEO da NZIM, instituto que promove o desenvolvimento de gestores na Nova Zelândia, uma transformação significativa na rotina das pessoas pode ser alcançada de forma gradual por meio da constante correção.
“Essa filosofia se baseia na ideia de que devemos examinar e corrigir nossas ações constantemente – não importa se o objetivo é perder peso ou se tornar mais produtivo no trabalho”, diz Hewitt. “O pensamento contínuo nos mantêm nos trilhos e pode aumentar nossas habilidades um pouco por dia.”
Os cientistas também confirmam os benefícios de se autocorrigir diariamente, não apenas para adquirir novas aptidões, mas também para mudar pensamentos e comportamentos que impedem as pessoas de atingirem seus potenciais. Esse método ajuda o cérebro a criar novas conexões, criando estímulos diferentes. Dessa forma, quando o pensamento é alterado, é possível mudar as ações.
Essa habilidade é conhecida como neuroplasticidade: a capacidade do cérebro de se adaptar quando somos expostos a novas experiências. Hewitt esclarece: “Em outras palavras, só porque sempre fez uma coisa de um jeito, não significa que você deve continuar fazendo dessa forma no futuro”.
Os neurônios são capazes de tecer novas ligações e ativar diferentes partes do cérebro, mas essas mudanças só podem ser notadas quando há uma prática de correção constante. As alterações neurais podem ser notadas a partir de sete dias de ações repetidas. No entanto, da mesma forma rápida com que são formadas, elas podem rapidamente desaparecer. Por isso, esses reparos devem ser diários para que a mudança se torne permanente.
O PODER DO HÁBITO
Lançado em 2012, o livro o Poder do Hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios? trata do mesmo tema, mas com outra perspectiva. Escrito por Charles Duhigg, jornalista do The New York Times, a obra despertou curiosidade dos leitores e figurou nas listas dos mais vendidos no Brasil e nos Estados Unidos.
Durante alguns anos, o repórter americano entrevistou mais de 300 profissionais, entre eles psicólogos, cientistas, acadêmicos e executivos, sobre como os hábitos – tanto positivos quanto negativos – são construídos.
O que sucede, de acordo com pesquisas realizadas pelo MIT, é um ciclo formado por três fases: o gatilho, a rotina e a recompensa. Nossos hábitos sempre são movidos por um estímulo (gatilho), depois seguimos para uma ação (rotina) e, por fim, há uma afirmação positiva (recompensa).
Um exemplo citado no livro aborda os maus hábitos do próprio autor. Todas as tardes, Duhigg parava seu trabalho e se dirigia para a lanchonete para comer biscoito e conversar com seus colegas. Esse costume estava prejudicando sua saúde: o lanchinho no meio do expediente fazia ele ganhar peso.
Baseada nesse estudo sobre os hábitos, o jornalista começou a observar suas atitudes com o objetivo de perceber qual era o gatilho que o fazia comer. Depois de analisar seus próprios comportamentos, ele percebeu que não era a fome que o fazia seguir até a lanchonete, mas sim a necessidade de se socializar. A recompensa que ele buscava não era comida e sim um momento de distração com os colegas de trabalho.
Após perceber isso, ele mudou sua rotina. Em vez de descer e comprar um biscoito, ele começou a procurar um colega para conversar durante alguns minutos durante a tarde. Com essa simples mudança, ele conseguiu emagrecer cerca de 13 quilos.
A ideia principal ideia por trás de O Poder do Hábito é de que as pessoas têm padrões de comportamento que desconhecem. Por meio de observação e análise é possível transformar uma rotina, sem que isso afete necessariamente a recompensa.
Quer mudar algo na sua rotina? Confira quatro dicas dadas no livro: