Queda brusca de temperatura leva paulistanos para as lojas
A procura por aquecedores, jaquetas, cobertores e mantas disparou nesta semana, animando os varejistas
O frio voltou mais uma vez a ser aliado do comércio nesta segunda quinzena de julho. Com a queda da temperatura, a partir de segunda-feira (17/07), os paulistanos correram para as lojas em busca de casacos, suéteres, mantas e aquecedores.
Há 15 anos no bairro do Brás, a confecção Lupepper, especializada em jeans, dobrou a venda de blusas, calças e jaquetas nesta semana.
A loja, instalada na Rua Oriente, passou a contabilizar mil tíquetes de vendas por dia, o dobro das semanas anteriores.
“Assim que o frio mostrou a cara, o consumidor saiu para comprar, ainda bem”, afirma Lauro Pimenta, sócio da Lupepper.
A retomada no movimento das lojas começou desde o início do mês. O faturamento da Lupepper, segundo afirma Pimenta, cresceu 40% em julho ante o mesmo mês em 2016.
A queda da inflação e dos juros e o saque das contas inativas do FGTS deram gás para o comércio neste ano, de acordo com lojistas ouvidos pelo Diário do Comércio.
Outra confecção, a Dinho´s, vendeu cerca de 60 jaquetas jeans nesta semana em sua loja da Rua Henrique Dias, no Brás. Antes da inesperada onda de frio, dava para contar nos dedos a venda dessa peça.
Além da queda brusca de temperatura, uma promoção ajudou a impulsionar as vendas. O preço das jaquetas caiu de R$ 130 para R$ 90 neste mês.
“Quando o frio persiste por alguns dias, as vendas melhoram, sempre”, afirma Fauze Yunes, sócio proprietário da Dinho’s, e um dos diretores da Alobrás, associação que reúne os lojistas do Brás.
A boa notícia, diz ele, é que, mesmo antes dessa onda de frio, já não se ouvia mais, em reuniões na associação, tanta reclamação de lojistas como no passado.
“O que eles têm dito é que o faturamento das lojas está uns 10% maior do que em igual período do ano passado.”
Na confecção Loony, especializada em jeans feminino, as vendas neste mês estão 8% maiores do que as de igual mês de 2016.
“A liquidação promovida pelo comércio do Bom Retiro e o frio estimularam as vendas”, diz Nelson Tranquez, sócio-proprietário da Loony e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Bom Retiro.
No centro de São Paulo, a loja da Bayard da Rua São Bento, comercializou na quarta-feira (19/07) cerca de 100 blusas de tricô femininas.
Diariamente, vende de 20 a 30 unidades dessas peças, de acordo com vendedoras da loja.
Na mesma rua, outro estabelecimento bem satisfeito com a onda de frio era a Vest Casa, rede especializada em artigos de cama, mesa e banho, que abriu o ponto há uma semana.
Somente na quarta-feira foram comercializadas cerca de 200 mantas por R$ 19,99 cada, sem considerar a venda de outros produtos para a casa, de acordo com vendedores da loja.
AQUECEDORES
Não é apenas o varejo de vestuário que se beneficia com a queda da temperatura. Eletrodomésticos como máquinas de secar roupa e aquecedores estão entre os mais procurados pelos paulistanos.
A rede Walmart registra crescimento acima de 100% na comercialização de aquecedores na região sudeste do País.
A Lojas Americanas no centro da capital vendeu, na quinta-feira, cerca de 20 aparelhos, de acordo com os vendedores. Na prateleira onde costumam ficar os aparelhos, era possível observar os espaços vazios.
“Frio e liquidação sempre ajudam o comércio a vender mais. Quem está com estoque deve aproveitar esta onda de frio, que deve ser a última do ano”, diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Antes mesmo de as temperaturas caírem, já havia sinais de que o comércio está reagindo.
Na primeira quinzena deste mês, o movimento de vendas no comércio da cidade de São Paulo subiu 7,9% em relação a igual período de 2016, de acordo com a ACSP, com base em dados da Boa Vista SCPC.
Com o frio, esse número pode ser ainda melhor nesta segunda quinzena do mês, de acordo com Alfieri.
Outros setores também estão mostrando reação. As vendas de televisores e eletroportáteis voltaram a crescer no primeiro semestre deste ano, 30,3% e 23%, respectivamente, segundo informações da Eletros, entidade que reúne as indústrias do setor.
No caso de TVs, o crescimento de dois dígitos é explicado pela trorca da tecnologia analógica para digital.
“De fato está havendo reação de vários setores. Agora, embora a fotografia deste momento indica que a economia está descolada da politica, as projeções precisam ser feitas com cautela”, diz Alfieri.
O volume de vendas do comércio ampliado, incluindo material de construção e veículos, caiu 0,7% em maio em relação a abril e cresceu 4,5% sobre igual mês de 2016. Os números ainda são negativos no ano (-0,6) e nos últimos 12 meses terminados em maio (-5,2%).
Considerando os últimos dados do IBGE, diz Alfieri, é provável que somente no primeiro trimestre do ano que vem todos esses números voltarão a ser positivos.
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FOTOS: Fátima Fernandes/Diário do Comércio e Rovena Rosa/Agência Brasil