Não passou na peneira, mas é craque nos negócios
Yan Lopes jogou nas categorias de base de clubes pequenos do Brasil e de Portugal. Tentou também ser tenista. Fracasso nas quadras e gramados, ele se tornou um bem-sucedido lojista em Juiz de Fora (MG), e dono de uma rede de franquias
Você já ouviu falar do Yan Lopes, jogador de futebol? Yan Goulart Paes Lopes tinha tudo para ser mais um quase jogador de futebol frustrado, como milhares de candidatos a craques espalhados pelo Brasil.
Ele não vingou como boleiro, mas soube dar a volta por cima e utilizar o amor ao esporte para se tornar um empreendedor de sucesso. É dono da Torcedor Esporte Clube, uma lucrativa rede de franquias que comercializam materiais esportivos.
Yan é carioca. Foi para juiz de Fora (MG) aos sete anos de idade. E foi lá no município mineiro que começou o seu negócio.
Hoje, além da loja na cidade da Zona da Mata, a Torcedor Esporte Clube pode ser encontrada, no sistema de franquias, em Varginha, também em Minas, Lucas do Rio Verde (MT), Niterói (RJ), Boa Vista (Roraima), no Roraima Garden Shopping, Piripiri (PI), Vilhena (Rondônia) e Amparo (SP).
Quem quiser operar uma franquia da Torcedor Esporte Clube, deve desembolsar de R$ 110 mil a R$ 140 mil.
O preço oscila de acordo com a cidade e a localização. Em 2015, o faturamento atingiu R$ 1,6 milhão, entre vendas de franquias e comercialização dos produtos. Detalhe: Yan começou o negócio com um capital de R$ 20 mil.
A estrela que brilha nos negócios, não deu nem sinal de luz nos gramados e nas quadras de tênis. E não foi por falta de tentativas.
Antes de colocar as chuteiras, ele quis ser tenista. Chegou a disputar competições pelo Marina Barra Clube, do Rio de Janeiro, onde o pai, Claudio Goulart Lopes, engenheiro de formação, trabalhava no setor administrativo do Lance, jornal esportivo. Mas não enxergou perspectivas de sucesso nas quadras de tênis.
Yan só percebeu que tinha talento para vendas em 2003. Um conhecido, dono de uma loja de artigos esportivos pela internet, perguntou se ele não gostaria de vender alguns pares de tênis.
“Vendi todos os 60 pares rapidamente. Peguei gosto pelo negócio. Cheguei a vender 2 mil pares por mês. Mas meu pai descobriu que os tênis que eu vendia não eram originais. Eram cópias da Nike. Eram falsificados. Segui seu conselho: larguei o negócio”, conta.
Como vendedor, a experiência havia dado certo. Pronto, a semente de vendedor já estava plantada. Era hora de Yan fazer o que também gostava: jogar futebol.
Jogou nas categorias de base do Tupi, de Juiz de Fora, XV de Piracicaba e Jaboticabal. Foi tentar a sorte em Portugal, em um clube da quarta Divisão.
Voltou ao Brasil e rumou para Jacareí (SP). Um grupo de empresários poloneses recrutava jovens talentos brasileiros para levar para o clube polonês PPAK.
“Eram 70 garotos. Os empresários tinham um Centro de Treinamentos muito bonito, com cinco campos de futebol. Fiquei lá só dois meses. Não vi futuro. Larguei”, disse.
Yan Lopes fez a última tentativa no Tupi de Juiz de Fora, onde a família estava morando. Estava na época com 18 anos de idade. Não viu perspectivas no horizonte. Não ganhou um real sequer como jogador de futebol.
O pai tinha uma distribuidora de jornais na cidade. O jornal Lance fazia uma promoção na qual os leitores formavam filas imensas para trocar cupons por camisas de times de futebol.
Ao notar aquelas filas enormes em frente à distribuidora do pai, o espírito de empreendedor de Yan aflorou. Havia ali um espaço físico ocioso na distribuidora. Por que não aproveitar?
“Então, comprei chaveiros, camisas de treinos, de viagens, agasalhos de clubes, mascotes e energéticos e montei ali uma lojinha. A vantagem era que eu não tinha de pagar aluguel, que já estava sendo pago pelo meu pai”, disse.
O dinheiro, exatamente os R$ 20 mil, seu capital inicial, que precisava para dar os passos rumo à compra na rede de lojas que se transformou depois na Torcedor Esporte Clube, saiu daquelas filas imensas, repletas de apaixonados torcedores, ávidos por trocar os cupons por uma camisa de seu time do coração.
O candidato a jogador ficara no passado. Nascia o empresário Yan Goulart Pais Lopes. Um ano depois, ele abriu uma loja da Torcedor Esporte Clube no Independência Shopping, o maior de Juiz de Fora. Seis meses depois, mais duas lojas, agora no centro da cidade.
Em 2011, inaugurou mais uma loja, na Galeria Pio X, também no centro do município mineiro. Hoje, são sete lojas franqueadas e uma própria. Para administrar melhor o empreendimento, Yan decidiu cursar uma faculdade de administração de empresas. A formação será no final do ano.
Frustração por não ter tido sucesso como jogador de futebol? “Nenhuma. O sucesso no futebol é para poucos. Eu percebi isto logo. E dei sorte de ter encontrado o meu caminho”, disse.