Franquias crescem menos, mas crescem
Pela primeira vez em dez anos, o setor se expande abaixo dos dois dígitos e fechou 2014 com faturamento 7,7% acima do ano anterior
Apesar da revisão das projeções ao longo do ano – motivada pelo cenário econômico, a Copa do Mundo e as eleições – o faturamento das franquias cresceu 7,7% em 2014. A receita das redes totalizou R$ 127,3 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgados nesta quinta-feira (26/2).
Desde 2004, essa é a primeira vez que o setor cresce abaixo dos dois dígitos. Segundo Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF, o excesso de feriados da Copa do Mundo prejudicou franqueados nos pontos de venda. Já a inflação e a queda na renda deixaram as pessoas com menos dinheiro no bolso, além disso, o clima beligerante das eleições parece ter desanimado o consumidor.
O setor projeta crescimento na faixa de 7,5% a 9% em 2015 – números que podem ser revistos de acordo com as pesquisas trimestrais da ABF, devido às possíveis alterações de cenário e das consequências do racionamento de água e energia elétrica. “Mas com as mudanças que devem ser feitas na economia, esperamos uma retomada a partir do segundo semestre”, afirma o executivo da ABF.
CRESCIMENTO EM DETALHES
Segundo a ABF, o total de lojas subiu para 125.641, uma alta de 9,8% frente ao ano passado. Hoje, há franquias em 2.108 municípios do País, quase quatro vezes mais que o total de shoppings.
Esse é um dos resultados do movimento de interiorização do franchising. Camargo lembra que, com a suspensão da abertura de 16 centros de compras para 2015, as franquias buscaram outras opções para crescer no país, como pequenas galerias e supermercados. Nos últimos cinco anos, Boticário, Cacau Show, Subway e Bob’s chegaram a cidades de até 30 mil habitantes.
O número de novas redes cresceu 8,8% em 2014 - totalizando 2.942 marcas. Fry’s, Crepelocks, Keiretsu, Bom Galeto (de alimentação), Arte Própria (casa e construção), Live! (vestuário), Só Socks, Natural Quality (esporte, saúde, beleza e lazer) e NYS Collection (acessórios pessoais e calçados) são alguns exemplos.
Quanto ao segmento, o que mais cresceu foi Comunicação, Informática e Eletrônicos, com alta de 27%. O aumento no número de prestadoras de serviço e agências digitais, além da crescente venda de smartphones e computadores e tablets puxaram essa expansão.
Entre as marcas de se destacaram, estão a loja de eletrônicos Nexar, e as agências de marketing digital Guia-se Negócios pela Internet e Ligue Site. As franquias de gigantes das telecomunicações, como Oi e TIM, também ganharam relevância, lembra Camargo.
“Algumas redes, mesmo no começo da crise, passaram a investir em serviços ou venda de softwares para melhorar seus números, e tiveram desempenho favorável”, completa. O número de lojas de microfranquias (franquias de baixo investimento inicial, até R$ 80 mil) também cresceu, na casa dos dois dígitos em 2014 (ou 14,7%).