Financiamento de veículos cai 26% em 2016
O maior rigor das instituições financeiras em oferecer crédito, além do receio do consumidor de contrair novas dívidas, derrubaram os financiamentos
A menor oferta de crédito no Brasil levou o número de financiamentos de veículos leves (automóveis de passeio e utilitários) a cair mais do que o total das vendas nesse segmento em 2016, mostra levantamento da Cetip, empresa que opera como uma câmara depositária de títulos.
Enquanto o mercado total caiu 19,8%, para 1,98 milhão de unidades, os financiamentos tiveram queda de 26,3%, para 1,06 milhão.
Com os resultados, a participação das compras financiadas no mercado de veículos leves recuou de 58% em 2015 para 53% em 2016.
As vendas à vista também cederam, mas em ritmo mais suave, uma vez que os consumidores de maior renda, que não necessitam tanto de um financiamento para adquirir um veículo, foram menos afetados pela crise econômica.
MEDO DA INADIMPLÊNCIA
Executivos que representam as fabricantes de veículos e as concessionárias têm dito que os financiamentos estão em queda porque os bancos estão mais rigorosos ao conceder o crédito. E isso aconteceria por receio de que o aumento do desemprego implique em elevação da inadimplência.
Na avaliação da Cetip, que compila os dados das instituições financeiras para fazer o levantamento, os brasileiros também estão menos dispostos a pedir um financiamento.
"Com o desemprego mais alto, menos renda disponível e a população endividada, o apetite ao crédito ficou mais baixo no ano passado", afirmou Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais e Inteligência de Mercado na Cetip.
Incluindo na conta de financiamentos os veículos pesados (caminhões e ônibus) e as motos, todos zero quilômetro, a queda foi semelhante em 2016, de 25,6%. No total, foram 1,74 milhão de unidades. Entre os usados, o recuo é menor, de apenas 2%, para 2,91 milhões de unidades.
O Banco Central (BC), que calcula o volume de recursos direcionados pelas instituições financeiras para financiamentos de veículos, ainda não divulgou o resultado consolidado do ano passado, mas no acumulado de janeiro a novembro, as concessões para pessoa física recuaram 10,9% em comparação com igual período de 2015.
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