Ele levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima
Após vender a empresa que fundou, Rafael de Albuquerque (na foto) se aventurou em um novo negócio que não deu certo. Sem se abater, recomprou sua primeira empresa com a qual, agora, espera faturar R$ 6 milhões
Rafael de Albuquerque tinha apenas 19 anos quando decidiu montar seu primeiro negócio. A ideia surgiu quando era funcionário de uma empresa que vendia redes de Wi-Fi para indústrias. Ele observou que o setor hoteleiro precisa desse serviço, mas a demanda não era atendida.
Em 2004, mesmo muito novo e com pouca experiência, ele decidiu criar sua própria empresa, a Zoox, para oferecer sistemas de gestão de redes Wi-Fi para hotéis.
Na época, disponibilizar internet sem fio para clientes ou hóspedes não era tão comum. A Zoox cresceu junto com a popularização do Wi-Fi no Brasil.
O negócio seguia o roteiro clássico do empreendedorismo: surgiram os primeiros clientes, a empresa prosperou e recebeu R$ 60 mil em investimento anjo.
Mas Albuquerque decidiu mudar o script e se aventurar em novas oportunidades. Vendeu a Zoox para um de seus sócios e fundou outra empresa.
UM BOM ERRO
Em 2007, ele criou a FlickOn, especializada em conteúdo sob demanda para os hotéis, uma espécie de Netflix para hóspedes.
Por meio da televisão instalada nos quartos, era possível acessar filmes, jogos e música, além de requisitar serviço de quarto e visualizar informações sobre o hotel.
A ideia parecia muito promissora. Os serviços “On Demand” estavam começando a crescer nos Estados Unidos e davam os primeiros passos em solo brasileiro. Albuquerque ainda tinha uma vantagem: conhecia muito bem o setor.
Mas mesmo com a bagagem adquira na Zoox, o negócio não prosperou. O empresário percebeu que oferecer conteúdo para os hóspedes não era a prioridade das grandes redes de hotéis.
“Quando comecei a FlickOn, com apenas 24 anos, eu não tinha a maturidade necessária”, afirma Albuquerque. “Com o tempo, percebi que para um negócio progredir, ele tem que resolver os problemas e as dores do cliente.”
Em 2011, a FlickOn encerrou suas atividades.
Apesar dos inúmeros pontos negativos, fechar uma empresa é uma experiência valiosa para muitos empreendedores.
No Vale do Silício, na Califórnia, berço de grandes empresas de tecnologia, ter um negócio malsucedido no currículo pode ser uma vantagem. Alguns grupos de investidores buscam esse perfil de empresários para receber aporte financeiro.
Isso acontece porque cometer erros e se arriscar faz parte do processo de aprendizado de qualquer empreendedor.
Empresários que falharam em negócios passados costumam cometer menos erros em suas novas tentativas e, por isso, tem mais chances de sucesso. Foi o que aconteceu com Albuquerque.
O BOM FILHO...
O empresário decidiu comprar de volta a Zoox e reestruturar a empresa para atender as novas demandas do mercado.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), o Wi-Fi é a rede de conexão mais acessada pelos brasileiros que usam smartphones, superando outras formas de aceso com o 3G e 4G.
A internet sem fio – que era apenas um luxo anos atrás – se tornou um item básico.
Por isso, além da gestão das redes de Wi-Fi, eles ampliaram o leque de serviços oferecidos para os hotéis, como a realização check-in automático e o controle da arrumação dos quartos.
A Zoox também expandiu para o varejo. Por meio de ferramentas de geolocalização, a empresa consegue localizar os clientes dentro das lojas e entender o perfil do consumidor. Essa tecnologia ajudou a conquistar grandes clientes, como a Hyundai e a rede Ipiranga.
Com a ajuda desses novos produtos, a Zoox deve faturar R$ 6 milhões em 2016 – o dobro em relação ao ano passado.