Fundos que investem no exterior batem os nacionais
Fundos de ações do exterior ganharam 6,23% em 12 meses, mas podem gerar perdas com a queda do dólar
Com o juro básico em 14,25% ao ano, o maior patamar em uma década, a atratividade da renda fixa permanece em alta. No mercado de fundos, porém, o que vem se destacando são carteiras que aplicam no exterior. Enquanto os de renda fixa simples tiveram retorno de 13,66% nos últimos 12 meses, os de renda fixa no exterior subiram 21,51%.
Com ações não é diferente: fundos indexados subiram 1,20% em 12 meses, enquanto os de ações no exterior ganharam 6,23%.
Sobre esses resultados, no entanto, é importante ressaltar que os fundos que têm ativos (como títulos e ações) do exterior têm um risco maior de perdas - e, por isso, são indicados a investidores com perfil de risco que querem diversificar suas aplicações.
Outro lembrete importante é que a rentabilidade passada desses fundos não é promessa de retorno no futuro.
"Boa parte da variação positiva até fevereiro se deveu à variação do dólar", comenta o gestor de fundos da Guide Investimentos, Erick Scott Hood.
Ao investir em fundos que aplicam no exterior, pode-se optar por um gestor que faça o chamado "hedge" (protege a carteira dessas variações), ou escolher algum sem proteção.
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Este segundo grupo teve alto retorno, porque o dólar se valorizou 12,66% no último ano. Porém, da mesma maneira, o fundo pode perder caso a moeda caia. "Quem não quer correr o risco cambial deve ficar num fundo com hedge", diz Hood.
Além da alta da divisa americana, o desempenho das companhias lá fora ajudou. "Entre 2012 e 2015, o S&P500 (índice da Bolsa americana) quase dobrou", diz Ricardo Almeida, superintendente da Bradesco Asset Management.
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Quem fugiu das commodities também teve bom retorno. "A queda dos preços afetou moedas de países emergentes e ações de empresas ligadas a esses itens", diz Eduardo Levy, gestor da Rio Bravo Investimentos.
MAIS ACESSÍVEL
Além do retorno elevado, a diminuição da aplicação inicial atraiu investidores. A captação da categoria "Ações Investimento no Exterior" está em R$ 1 bilhão em 12 meses.
A instrução 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) extinguiu a exigência de aplicação inicial de R$ 1 milhão. Ainda é preciso ser qualificado (ter R$ 1 milhão ou mais em ativos), mas há fundos com aplicação inicial de R$ 10 mil. A percepção, porém, é de que tais produtos ainda não são tão acessíveis ao público de varejo.
Se tiver pouco dinheiro, o investidor pode optar por multimercados macro. A regra da CVM aumentou de 10% para 20% o limite que esses fundos podem alocar em ativos do exterior ou em fundos que sigam esta estratégia.
Para analistas, a volatilidade tende a ser maior, já que fundos macro estão sujeitos tanto à oscilação dos ativos no exterior quanto no Brasil, uma vez que 80% da carteira está em ativos nacionais.
"Antes de investir, deve-se ter em mente o quanto é suportável perder dinheiro", diz Hudson Bessa, gerente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
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