Acipi faz ato para repudiar marca de R$ 1 trilhão do Impostômetro
Neste ano, a marca será atingida 11 dias antes do que em 2014, indicando aumento da carga tributária
O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) vai registrar a marca de R$ 1 trilhão nesta segunda-feira, dia 29 de junho. O valor refere-se ao montante desembolsado pelos brasileiros desde 1º de janeiro de 2015 para pagar impostos, taxas e contribuições para União, Estados e municípios. Neste ano, o valor de R$ 1 trilhão chega 11 dias antes do que em 2014, indicando aumento da carga tributária. A Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba) faz um ato em frente a sua sede (rua do Rosário, 700), a partir das 12h desta segunda-feira. Por meio de um telão, vai acompanhar a “virada”, que deverá ocorrer por volta de 12h20.
“Disponibilizaremos um telão, que irá acompanhar as atualizações do Impostômetro e o momento em que atingir a marca de R$ 1 trilhão”, diz o presidente da Acipi, Angelo Frias Neto, que convida toda a população para participar deste momento. “A mobilização tem força de repúdio contra as medidas que têm onerado o bolso da população, caso do aumento de alíquotas e do tarifaço. Até os desempregados, vítimas dos desencontros políticos e econômicos, têm pago essa conta”, lamenta Frias Neto.
Na opinião do presidente, o maior problema é que o ajuste econômico está sendo feito apenas pelo lado do aumento da arrecadação, quando o mais importante neste momento seria controlar os gastos públicos.
“Um dado alarmante dá conta que, nos últimos cinco anos, o Brasil se mantém na última colocação no ranking que mede o retorno oferecido em termos de serviços públicos de qualidade à população, em relação ao que o contribuinte paga em imposto, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (BPT)”, diz o presidente da Acipi.
O estudo avaliou os 30 países com as maiores cargas de tributos. O ranking leva em consideração a arrecadação de tributos do país em todas as suas esferas (federal, estadual e municipal) em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de 2013 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), que mede a qualidade de vida e bem-estar da população.
O volume de R$ 1 trilhão pago em impostos, que será consolidado nesta segunda-feira, pode ser medido por meio de equivalências. Com R$ 1 trilhão pago em impostos é possível, por exemplo, construir mais de 28.118.684 casas populares de 40 m², ou contratar mais de 73.774.829 professores do ensino fundamental por ano, ou fornecer cestas básicas para toda a população brasileira por 16 meses, ou construir mais de 3.417.223 postos de saúde equipados ou pagar 65.716 meses a conta de luz de todos os brasileiros.
SLOGAN
A virada do Impostômetro tem até slogan - “São Pedro... Socorro!!! #tachovendoimposto” - , que foi escolhido pela Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), por conta da proximidade das festas desse período do ano. Além da manifestação presencial, a ideia é mobilizar as pessoas pelas redes sociais, a fim de alcançar um grande número de postagens no Facebook, Twitter, Instagram. As postagens feitas nos perfis da Acipi e da Facesp poderão ser compartilhadas à vontade, sempre usando #tachovendoimposto
A projeção da ACSP é que no fim do ano o Impostômetro ultrapasse a marca de R$ 2 trilhões. "Não adianta aumentar a arrecadação se não houver retorno para as pessoas. O mais grave de tudo é que, além de ter uma carga tributária altíssima, o Brasil não investe em infraestrutura, saúde, educação e outras áreas importantes para os seus cidadãos", critica o presidente da ACSP, Alencar Burti.
NOVA METODOLOGIA
Implantado em 2005, o Impostômetro tem o objetivo de conscientizar o cidadão sobre a alta carga tributária e incentivá-lo a cobrar os governos por serviços públicos de qualidade. O painel está localizado na Rua Boa Vista, centro da capital. Pelo portal impostometro.com.br é possível fazer diversas consultas: descobrir o que dá para fazer com o dinheiro, quanto foi arrecadado num período ou num município, por exemplo.
As comparações entre 2015 e 2014 já contemplam a nova metodologia do Impostômetro. Em maio deste ano, a ferramenta alterou a forma de medição da carga tributária, em função da mudança na metodologia do cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) implementada em março pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, os valores exibidos pelo painel passaram a considerar novos dados de arrecadação de Imposto de Renda Retido dos funcionários públicos estaduais e municipais e novas taxas e contribuições federais determinadas pela Lei nº 13.080/2015. Também foram incluídas arrecadações de municípios que não estavam sendo informadas à Secretaria do Tesouro Nacional.