Montadoras adiam novos investimentos
Crise política não resultou em cancelamentos de investimentos do setor, segundo a Anfavea
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, afirmou que a crise política não tem resultado em cancelamentos de investimentos do setor, mas que as montadoras estão "reavaliando a velocidade" dos aportes.
"Os planos das montadoras estão mantidos, mas, em vez de se fazer agora, estão deixando para daqui 3 meses, por exemplo, parando para pensar um pouco", disse, no intervalo de evento promovido pela Anfavea na capital paulista.
No consumo de veículos, Megale disse que a crise, pelo menos por enquanto, ainda não se traduziu em resultados mais fracos, uma vez que muitos emplacamentos só são confirmados semanas depois do fechamento do negócio, mas admitiu que, nas concessionárias, o fluxo de pessoas tem diminuído.
CAMINHÕES
O presidente da Mercedes-Benz, Philipp Schiemer, afirmou nesta terça-feira (13/06) que o fraco desempenho do mercado de caminhões em 2017, que cai 19,4% no acumulado de janeiro a maio, o forçou a rever para baixo a sua projeção para o segmento no ano inteiro.
Antes, ele apostava em crescimento de 10%. Agora, diz que vai se sentir satisfeito se as vendas ficarem estáveis em relação a 2016.
"Nós já esperávamos um primeiro trimestre difícil, com uma recuperação a partir do segundo semestre, mas hoje isso está ameaçado. Pelo andar da carruagem (as vendas em 2017), que está bem abaixo do ano passado, temos pouco tempo para recuperar esse atraso", disse.
"Tudo depende da instabilidade política, que não ajuda na recuperação, então hoje estou mais cético. Podemos ficar satisfeitos se repetir o resultado do ano passado", acrescentou.
Apesar de ter piorado a sua projeção para o ano, Schiemer continua acreditando que o segundo semestre será um pouco melhor do que o primeiro.
"O efeito do agronegócio será maior e os juros estarão mais baixos, o que significa mais consumo de caminhão", disse. "Além disso, esperamos a volta da confiança com notícias boas, como o crescimento do PIB", afirmou em seguida.
Em relação às reformas do governo de Temer, o executivo disse que, se as propostas forem enfraquecidas, a confiança dos investidores será afetada. No entanto, ele acredita que, mesmo com a crise política, o saldo será positivo.
"Acho que alguma coisa das reformas vai sair, talvez não tão forte como antes, mas a reforma trabalhista vai sair, o que já é um passo", destacou.
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