Em fevereiro, vendas do comércio paulistano caem 9,2%
Efeito-calendário do feriado no Carnaval atrapalha movimento nas lojas. “Tarifaço” e crise hídrica drenaram a renda e geraram impacto negativo na confiança do consumidor
Os resultados negativos também ficaram para depois do Carnaval: em fevereiro, as vendas à vista e a prazo no comércio paulistano registraram queda de 9,2%, em média, segundo dados do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Na divisão por modalidade de venda, as quedas foram de 16% e 15% em fevereiro ante janeiro, respectivamente, causadas pelo efeito-calendário de três dias úteis a menos.
Já na comparação com igual período de 2014, a queda nas vendas foi um pouco menor, de 8,3% e 10,1%. No ano passado, o feriado caiu em março, que teve só um dia útil a menos.
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Segundo Emílio Alfieri, economista da ACSP, a queda média nas vendas foi agravada pelo “tarifaço”, o recente aumento substancial de tarifas públicas como água, luz e combustível. Já a crise hídrica pode ter obrigado o consumidor a gastos para obter um consumo mais eficiente.
“Esses efeitos literalmente drenaram a renda disponível – o que gerou um impacto ainda mais negativo na confiança desse consumidor, que já está abalada”. Dados da Fundação Getúlio Vargas confirmam: fevereiro foi o mês que a confiança mais despencou, e chegou a -8,8%.
Rogério Amaro, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) diz que a expectativa é de uma recuperação das vendas em março e de um efeito reverso, já que março de 2014 contou com Carnaval.
"Depois, poderemos analisar como foi o varejo no trimestre, sem os efeitos de feriados e de efeito-calendário”, completa.
INADIMPLÊNCIA PERMANECE CONTROLADA
Pelo Balanço de Vendas da ACSP, o registro de consumidores inadimplentes subiu 6,1% em fevereiro ante janeiro – elevação sazonal, já que janeiro sempre costuma apresentar níveis menores do indicador, afirma Emílio Alfieri.
Na comparação com fevereiro de 2014, por outro lado, os níveis de inadimplência caíram 10,3%. “O consumidor também prefere transferir as negativações para depois do Carnaval”.
Já os indicadores de recuperação de crédito mostram alta de 7,3% em fevereiro comparado a janeiro, e queda de 11,3% ante igual período do ano anterior.
O economista da ACSP explica que, de modo geral, os indicadores mostram uma ligeira propensão à alta – apesar de a taxa líquida de inadimplência da carteira do varejo hoje estar em um quadro de 4,6% - abaixo da média histórica de 5% da taxa no Brasil.
“Tudo indica que ela deve permanecer sob controle. Mas desde que o emprego não suba de forma acentuada”, finaliza.