Alckmin pede velocidade ao processo de impeachment
O governador de São Paulo falou para empresários em evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Ele disse que a indefinição em torno do processo contra a presidente Dilma é uma trava para a economia
O governador Geraldo Alckmin cobrou agilidade do Congresso e do Judiciário no andamento dado ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo o governador, independentemente do desfecho dado ao processo, seria importante que a situação se defina rapidamente para reativar a economia.
“A situação atual é de paralisia. É preciso decidir logo um desfecho, seja ele para um lado ou para o outro”, disse em evento realizado na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na segunda-feira, 7/03. A apresentação foi feita durante a primeira sessão plenária da entidade no ano de 2016.
Alckmin é um dos nomes do PSDB indicados para a eleição presidencial de 2018. Ele concorre, dentro da legenda, com Aécio Neves e José Serra. No evento da ACSP o governador paulista preferiu não se colocar como candidato mesmo após o ex-governador Paulo Maluf praticamente lançar sua candidatura. “Não existe governador de São Paulo que não pretenda a presidência”, disse Maluf.
Em resposta Alckmin disse ainda ser cedo para pensar em 2018. Ele também voltou a defender as prévias existentes dentro do seu partido, modelo criticado por alguns dos seus próprios pares por criar rachas na legenda. “Prévia não divide, é feita para se expor as diferentes ideias. Claro que tensão é natural, mas passado esse período estaremos todos juntos”, disse o governador.
Ainda dentro do cenário político Alckmin disse que a Polícia Militar estará preparada para garantir a segurança durante as manifestações marcadas para o próximo dia 13 de março.
Um grupo contrário ao governo federal havia marcado uma mobilização para esta data, mas após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser intimado a prestar depoimento nas investigações da Lava Jato, grupos favoráveis ao governo agendaram manifestações para o mesmo dia. Há o temor de choque entre essas duas frentes.
Alexandre de Moraes, secretário de segurança do governo paulista, disse não haver possibilidade de os dois grupos se encontrarem. “A manifestação na paulista está marcada há dois meses. Qualquer outro grupo vai poder se manifestar no dia, mas em outro local. A polícia tem condições de garantir segurança às duas manifestações”, disse o secretário.
Já Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), se mostrou preocupado com a crise e seus desdobramentos. “Os problemas econômicos estão se transformando em problemas sociais. O Brasil não merece o momento pelo qual está passado”, disse Burti.
REFORMAS
Alckmin falou da necessidade de simplificação do modelo tributário do país, o que passaria pela reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ele elogiou o projeto que tenta equalizar as alíquotas interestaduais do imposto, em discussão no Congresso, mas condenou a resistência, por parte dos parlamentares, em criarem fundos atrelados à reforma.
O projeto em questão transfere gradualmente o peso da alíquota do ICMS da origem – de onde o produto sai – para o destino - onde o consumo é efetivado. O texto original previa o Fundo de Desenvolvimento Regional e Infraestrutura e o Fundo de Auxílio à Convergência das Alíquotas do ICMS, ambos formas de garantir a compensação por eventuais perdas que estados tenham com a reforma.
“A visão imediatista do Congresso acabou com os fundos. A presidente vetou o projeto sem os fundos, e precisamos manter esse veto”, disse Alckmin na ACSP.
A reformulação do ICMS foi uma das reformas destacadas pelo governador como fundamentais para destravar o país. Ele citou ainda a reforma de previdência, trabalhista e a política. “Temos 35 partidos, o que não é um problema. O problema é que na Câmara há 29 deles. Essa fragmentação parlamentar não é boa para o país”, disse, no contexto da reforma política.
FALTA DE INVESTIMENTOS
Para o governador, os juros elevados estão inibindo investimentos que poderiam fazer a economia do país andar. “Juros altos é patológico no Brasil, é algo suprapartidário, que vai da esquerda para a direita. Assim temos um país de rentista. Ninguém investe”, disse Alckmin.
Ele ainda lembrou que grande parte da dívida pública é conseqüência dos juros elevados, já que parte desses débitos está atrelada à taxa básica de juros (Selic). O governador não arriscou uma projeção para a Selic deste ano, por outro lado aposta que a inflação irá ceder. “A tendência é a redução da inflação, o que deve acontecer no segundo semestre. Com as térmicas sendo desligadas o preço da energia cai, e a inflação reduz”, disse.
CRISE HÍDRICA
Alckmin falou que o risco de racionamento de água está descartado no estado de São Paulo. Segundo ele, o sistema Cantareira está chegando a 60%, o Alto Tietê está em 40% e os demais sistemas estão acima de 80%. “Mesmo com seca estamos garantidos pelos próximos quatro ou cinco anos”, disse o governador na ACSP.
Ele também garantiu que a pressão da água, que havia sido reduzida no ano passado durante o período mais grave da estiagem, foi restabelecida.
IMAGEM: Divulgação/governo de SP