A tragédia aérea interrompeu a ascensão da Chapecoense
Fundado em 1973, o time seguia para o mais importante jogo de sua história. O que era para ser a viagem da consagração virou o voo da morte: a queda matou 71 pessoas. Só três jogadores sobreviveram
O time da Chapecoense, que nesta quarta-feira (30/11), faria o primeiro jogo da decisão da Copa Sul Americana, contra o colombiano Atlético Nacional, praticamente desapareceu na queda na madrugada desta terça-feira do avião que transportava a delegação, na região de Antióquia, próxima à Medellin, cidade onde a partida seria disputada.
Informações da Aeronáutica Civil da Colômbia dão conta de que o número de mortes chega a 71 e que seis pessoas foram resgatadas com vida do acidente, sendo três jogadores da Chapecoense: o lateral-esquerdo Alan Ruschel, o goleiro Follmann, que teve uma perna amputada, e o zagueiro Neto.
O jornalista Rafael Henzel e os tripulantes Ximena Suarez e Erwin Tumiri completam a lista de sobreviventes.
Entre os mortos estão jogadores conhecidos do mundo do futebol e que já atuaram em grandes equipes do Brasil, como Cleber Santana – meia de ótima técnica -, que atuou no São Paulo e Santos, o atacante Ananias, que jogou no Palmeiras, e é lembrado por ter marcado o primeiro gol do reformado estádio palmeirense, o Allianz Parque, quando jogava pelo Sport Recife, na vitória por 1 a 0 contra o seu ex-clube, em 2014.
Caio Júnior, 51 anos, ex-jogador, e técnico da equipe, também morreu.
Depois de dirigir, sem brilho, grandes equipes do país como o Flamengo, Grêmio, Botafogo e Palmeiras, fazia trabalho elogiável na Chapecoense no Campeonato Brasileiro.
O time soma 52 pontos, está na nona colocação, à frente de equipes poderosas do futebol brasileiro como São Paulo, Fluminense, Cruzeiro e Internacional.
Caio Júnior elogiava constantemente as condições de trabalho que tinha na Chapecoense.
Dizia que a estrutura do clube era de dar inveja a muitas equipes de projeção do futebol do Brasil e do Exterior.
Foi rápida e surpreendente a ascensão da Chapecoense no cenário da bola nacional. Fundado em maio de 1973, o clube não demorou a se transformar em forte rival de Figueirense e Avaí, os grandes de Santa Catarina.
Chegou à Série A do Campeonato Brasileiro em 2013, após ter conseguido o acesso para a Série D seis anos antes.
Com as cores verde e branco, as mesmas da bandeira de Chapecó (SC), foi finalista em cinco das últimas dez finais do Campeonato Catarinense. Tem cinco títulos estaduais.
A classificação para a final contra o Atlético Nacional na Copa Sul Americana foi heroica. O time enfrentou o San Lorenzo da Argentina na semifinal.
Na partida de ida, em Buenos Aires, houve empate em 1 a 1. O gol da Chape foi marcado por Ananias.
Na partida de volta, em Chapecó, a equipe dirigida por Caio Júnior conseguiu segurar o ímpeto ofensivo dos argentinos e segurou o empate em 0 a 0.
Como havia marcado um gol fora de casa, o time brasileiro ficou com a vaga.
No final do jogo, o goleiro Danilo fez uma defesa impressionante. Após cobrança de escanteio, defendeu, com o pé direito, um chute desferido à sua frente.
A alegria tomou conta dos jogadores, que comemoravam o feito. Era a primeira vez que um time de Santa Catarina iria disputar um título internacional.
A cidade de Chapecó foi totalmente planejada, sendo que seu traçado é em forma de xadrez. É considerada a capital brasileira da agroindústria e do turismo de negócios.
Tem uma população estimada em 209.533 habitantes e é o quinto maior município do estado. Fica no Oeste de Santa Catarina.
Inúmeras outras tragédias aéreas vitimaram equipes de futebol (veja quadro).
O futebol americano também tem desastres a lamentar. O maior deles ocorreu em 14 de novembro de 1970, quando o voo 932 da Southern Airways caiu e matou toda a equipe da Marshall College, cujo nome é uma homenagem ao quarto presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, John Marshall.
A “jovem manada trovejante”, como era chamada a equipe, tinha as mesmas cores da Chapecoense: verde e branco. O episódio e a reconstrução do time foram tema do filme Somos Marshall
21 jornalistas morreram no voo que levava a Chapecoense para o jogo com o Atlético Nacional.
São eles: Vitorino Chermont, Lilácio Pereira Jr, Rodrigo Santana Gonçalves, Devair Paschoalon (Deva Pascovich), Mário Sérgio (ex-jogador e treinador) e Paulo Julio Clement, todos da Fox.
Guilherme Van der Laars, Ari de Araújo Jr e Laion Espindola, da Rede Globo.
Giovane Klein, André Podiacki, Bruno Mauri da Silva e Djalma Araújo Neto, da RBS.
Gérson Galiotto e Edson Luiz Ebeliny, Rádio Super Condá.
Fernando Schardong, Douglas Dorneles e Jacir Biavatti, da RIC TV e Rádio Yang FM.
Renan Agnolin, da Rádio Oeste Capital.
O Atlético Nacional sugeriu, em nota oficial, que a Conmebol – Confederação Sul Americana de Futebol -, entregue o título da Copa Sul Americana à Chapecoense.
A Confederação Brasileira de Futebol _ CBF -, decidiu adiar o jogo final da Copa do Brasil, que seria disputado também nesta quarta-feira.
“A CBF comunica o adiamento da final da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético Mineiro.
Definições a respeito deste jogo serão informadas nos próximos dias”, diz a nota da entidade.
A última rodada do Campeonato Brasileiro, que seria disputada no próximo domingo (4/12), foi transferida para quarta-feira (7/12).